segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mensagem

Há sempre algo mais a descobrir,
escondido, por nós mesmos, encoberto.
Mas não há outra forma de sentir
senão com o coração. Há que fugir
da banalidade deste deserto...

E porquê viver só por viver,
Se conhecer é mais que isso?
Para quê ambicionar fazer,
sem andar no chão que piso?

Porque a Terra roda, pequena,
E o dia que acaba, não sabemos...
Mais vale fazer valer a pena,
aquele pouco nada que temos.


André Ortega
27/12/2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Degrau

Tropeço na pedra do chão infinito
sem amparo para queda livre.
Fecho os olhos, já não acredito.
Estou mais longe do que alguma vez estive...

Do sonho, escapar tentou mas não larguei,
não posso deixar que uma queda o permita.
É apenas uma má estrada, quase lei
de passagem para quem a transita.

E aqueles que por lá partem
temem em nunca mais chegar.
Mas pessoas fortes não são as que nunca caem,
são as que lutam para se levantar.


André Ortega
21/11/2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Kléos

Sempre desejei ser mais
que simplesmente ser...
E por entre querer
e sonhar demais,
medo é o meu de nada ter.

Olhar para a posteridade,
ver-me em palavras futuras.
Ser mudança de sociedade,
ser luz de estradas obscuras.

E mesmo tendo feridas
gravadas com meu próprio punhal...
Eu só quero fazer em vida,
coisas dignas de me tornar imortal...



André Ortega
12/11/2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Insónia

Um caminho sem rumo,
sem meta, só partida.
Lugar coberto de fumo,
de álcool e de ferida.

Porquê ser mais um,
quando posso muitos ser?
Acabo por não ser nenhum,
e no fundo nada ter...

Apenas sei que a vida se afasta,
e ela própria a mim arrasta,
sem dó nem misericórdia.

E a solidão é o que mais custa,
a aquecer o coração, que ilustra
esta noite frígida de insónia.



André Ortega

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sonolência

Pestanas que se juntam,
pálpebras que mergulham
sobre olhos que se cansam
mas não fecham, pois quando avançam
são ressuscitados com agulhas.

Sei que não devo a esta hora,
mas tal coisa não escolhe tempo.
Quem manda querer ver aurora,
e resistir a ela que me devora
pouco a pouco... lentamente.

E por mais que sol veja,
ele já me conhece, sabe que sou assim...
Apaixonado pela lua, que me beija,
faz com que a Sonolência, com inveja,
me assole na manhã incandescente sem fim.


André Santos

domingo, 24 de outubro de 2010

Porquê?

Porquê? É a pergunta mais frequente,
de quem de outra maneira sente.
Castigos, já foram muitos...
mas todos eles pareceram poucos,
sem força, arrasados e roucos...

Grito para o vazio e nada se ouve,
tudo se dissipa quando em ti penso...
Não preciso de nada, nem de lenço,
sei que para ti não foi nada de novo...

Queria que sentisses apenas metade
da dor que foge, do rancor que se solta...
E sei que ficarás pouco à vontade,
quando a culpa te manchar o rosto, e a humidade
surgir no coração gélido que não volta...


André Santos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Poema Épico I

Voltando atrás no tempo,
vendo Aquiles de pés velozes
aniquilar Heitor, grande guerreiro,
sem piedade, golpes vis e atrozes.

Mas com flechas e calcanhares,
Tróia não cai antes de Aquiles.
Apenas quando Ulisses,
astuto, de mil olhares,
resolve dar um Cavalo como brinde.

E, notando na Terra
que Atlas carrega
no Tártaro, profundezas de Hades.
Desejava viver mil aventuras
como Hércules, e ser gravura
de cem mitos e cem verdades.

Mas caminho numa sociedade
sem Heróis nem magia...
Onde o ser já não se enaltece com poesia,
mas com um papel que se diz com valor...
Oxalá tudo voltasse à época da criação,
que tudo era comandado pela imaginação.



André Santos
18/10/2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Hoje

Hoje, dia um a partir de ontem,
acordo com vontade de saber
para onde vai e de onde vem
esse teu nada para dizer.

Chego do passado para o presente,
procurando por um futuro.
Nada sei, não sou vidente,
caminho sem cessar, crente
que no lugar certo perduro...

E julgar que já caminhei
sem saber tê-lo feito...
É ser soberano sem ser rei,
ser um sonho sem conceito.



André Santos
6/10/2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Silêncio

Podendo escutar meio mundo,
recuso fazê-lo, não por teimosia.
Mas por achar que o mais profundo
está no espaço mais suave que conhecia.

Muita gente o teme,
medo do que ele as possa trazer.
Com ele eu tudo escuto e nada me fere,
oiço as pedras do chão, os pingos da chuva a bater...

Estou sozinho, só com os pensamentos,
que me fazem ver de longe o que mais anseio.
A crónica de quem espera e nunca veio
resgatar os momentos guardados na gema...
Por me inundar com essa bravura que pára o tempo
Agradeço a ti, oh Silêncio, por seres a razão deste poema.


André Santos
03/10/2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Busco por meus medos

Busco por meus medos,
por bosques e arvoredos
sentido para minha viagem.
Que farei a seguir?
Só me apetece partir
para meu sonho de miragem.

Será efémero o que quero?
Como serei eu certo de incertezas?
Sei que meu próprio mundo impero,
e poderei queimá-lo como Nero.
Pobres ideias solitárias e indefesas.

E se tenho alguma,
só tenho esta certeza:
Prefiro ser sonhador vagabundo
que ser miserável com riqueza,
que riqueza não tem nenhuma…




André Santos 12/04/2010

sábado, 11 de setembro de 2010

osrevni odnum O

.raza ograma, azetsirT
.azetrec ad e memoh od rairC
oa, ranicula a adiv ad azerboP
.azelaer sioped es-anrot, rassapartlu

.osrev adac a, adan od mev, roD
.rodra e oidó moc rahlo osrevreP
, ossecxe me odnauq etsixe ós, romA
. rolf ad etsirt ratorb o , osrevni ossecorP



sotnaS érdnA
o1o2/20/21


(Ps: Lê-se da direita para a esquerda)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nostalgia

Não venhas agora lembrança!
Assim lágrimas escorregarão inutilmente...
Sou emoção porque sou gente,
sou o que restou da minha infância.

Não me assoles com memórias,
com saudades, com histórias,
com medos, com perdas...

Sei bem demais a tua essência
apesar de disfarçares tua aparência
em olhares sonhadores e palavras incertas...

Tarde demais, já não controlo
as proporções do meu próprio choro,
do que fui e do que temo...
E vejo que nem te mostras arrependida,
tu... culpada Nostalgia
por esta noite dramática de inferno.


André Santos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Banal...

Passam onze minutos das cinco da manhã e encontro-me exactamente no mesmo lugar à umas horas, acorrentado pelo tédio macabro desta noite de verão. Sinto-me cansado mas não me apetece dormir apesar de ter de o fazer, pelo menos se quiser acordar a horas "convenientes" amanhã: Nunca gostei de acordar muito tarde mas por outro lado, gosto demasiado de dormir, pois durante o sono todos os desejos e emoções refundidos dispertam e correm sem ordem no meu inconsciente. Já à tempos que vou vendo se escrevo de novo em poesia, essa vida paralela, mas o descanso mental desactivou algumas conexões importantes para a minha actividade cerebral.
Conversa fiada e não sei se chego a algum lado nem sei se o tenciono fazer... ultimamente tenho-me sentido demasiado "banal" neste mundo, o que me deixa um pouco vazio... diria triste. Mas continuarei a seguir o que sonho e acredito, só assim me sentirei menos "banal", ou seja "especial" no sentido de marcar o próximo positivamente.
Se há conselho que gosto de dar, é que sigam os vossos sonhos acima de tudo... se se acharem demasiado "banais" (o que concerteza não são), tentem ao menos ser especiais para as pessoas que têm perto de vocês... a essas sim, devem a vossa "especialidade".

Bem, chega de conversa que se faz tarde.
Depois disto, amanhã concerteza me sentirei mais "especial" :)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Talvez...

Na eventualidade de não ter postado ultimamente, talvez postarei agora... talvez. Em principio sim, não há nada que me impeça de não postar e, mesmo que não goste desta minha criação espontânea, não me esforçarei para a melhorar ao ponto de ficar uma obra-prima... Já agora... o que é uma obra-prima? Secalhar estou a fazer uma e não sei... é tudo muito complexo e não fui bem feito para pensar apesar de admitir que por vezes dá jeito.
(...) Relendo tudo o que escrevi, reparei na falta de conteudo destas palavras juntas... Talvez o sentido seja mesmo esse: Para criar, simplesmente ao juntarmos palavras, mesmo sem ideia predefinida, mesmo que saia algo bizarro e ridículo, grande parte dos momentos marcantes da nossa vida também são assim... simples, bizarros e ridiculos... não há nada mais especial que isto.


Vá...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Olho para o cais

Olho para o cais,
Não tenho barco, só horizonte.
O mar é longo e desejo tê-lo.
Passas por mim e onde vais?
Para a terra onde tudo se esconde,
Ou seguirás por teu azul belo?

Em mim tenho o céu,
Que lá longe beija o solo.
Confuso Vivo, e morrerei de certeza.
Tudo existe, mesmo no breu,
Como suave e insípido golo
Em garganta inflamada de pureza.



André Santos

domingo, 7 de março de 2010

Cheira a manhã...

Cheira a manhã…
Acordo cheio de vazio.
Frieza e apatia vã,
conhece-me hoje e não amanhã,
porque só a mudança eu crio.

Porque é que sou diferente
sendo apenas eu em tudo?
Porque é que vivo confuso e descontente?
Será o meu sonho insuficiente?
Como é instável o meu escudo…

Sinto-me vazio…
Nada que diga me faz sentido:
Como um corpo morto e frio,
que, inexplicavelmente, sentiu
desejo incansável de não ter arrefecido.





André Santos

domingo, 31 de janeiro de 2010

Imaginação

Fonte de todo o sonho
voa por mim e só por mim.
Do êxtase ao medonho,
de tudo em mim disponho,
para trazer poemas sem fim.

Dois olhos num peito,
dois braços na barriga.
Mesmo que nada tenha jeito,
desde que tudo esteja feito,
aceito… para que o sonho some e siga.

Tudo o que vejo… é só meu.
Ninguém poderá julgar uma só minha criação.
Quem tem esse direito sou apenas eu,
no meu mundo com os tons de Orpheu,
vive e só reina a poderosa imaginação.



André Santos

domingo, 24 de janeiro de 2010

Aguarela

Sinto-me bem e olho pela janela:
O Sol brilha apesar das nuvens
Que largam água, mas eu só vejo uma tela
Onde desenho com alegres cores uma aguarela,
Que faz o dia sorrir, com pequenos pormenores inúteis

Mascaro o meu dia, triste para o mundo
Mas não para mim, sinto-me bem comigo.
De felicidade eu abundo,
E num belo desenho, eu inundo
Com olhares dóceis e amigos…

Doces, aqueles olhares,
Inúteis num planeta tão vasto...
Mas também desenho um banco para te sentares,
E mesmo há chuva, desejares
Um sonho maior neste globo gasto.


André Santos

sábado, 16 de janeiro de 2010

A minha Pátria é a Língua Portuguesa

Talvez seja o poema mais longo que escrevi... feito para um trabalho de Português, senti uma grande vontade de escrever sobre o tema e eis o resultado:


Pátria… palavra fera
pela qual foram travadas guerras,
sem razão, sem sentimento.
A minha pátria está na terra,
e reparo que esta, em desespero berra,
à espera de paz e entendimento.

Este solo, manchado de sangue e dores,
coberto de ódios que consomem flores,
vive velho, cansado, apodrecido.
Vive sem esperança, profano,
pois reparou que o próprio ser humano
espezinhou-o, deixando-o desolado, destruído…

Pátria é a minha língua, mas não o meu país.
Não consigo perdoar males feitos desde a sua raiz.
Eu sei que nem Deus o pediu,
para que Cruzados matassem em seu nome,
trazendo horror ao inocente que dorme,
pois queria dormir em paz… e conseguiu.

Pessoa tentou e eu sigo-o no seu objectivo.
Levar a nossa pátria a ser algo mais…
Mas hoje em dia dominam programas televisivos,
banais, triviais e dolorosamente corrosivos,
sem originalidade, todos iguais…

Mas de mim, ao menos estou satisfeito.
Nunca me desiludirei comigo, é uma certeza.
Pessoa… descansa, porque tu foste o eleito.
Onde quer que vá, seja qual for o destino, eu aceito,
pois levarei sempre comigo a Língua Portuguesa.


André Santos