quarta-feira, 13 de julho de 2011

Preguiça

Areias-me os pés,
movediça, te alimentas
dos meus sonhos e descrenças...

Queres-me a mim, invés
de tudo o que poderei ser
sem a tua maldita presença...

E, como essa tua influência
me deixa desequilibradamente enfadado,
com o prazer de nada ter de fazer...

Como me deixo levar por essa essência,
que nunca é essencial para o afortunado,
que tem a celestial sorte de não te ter...

Mas... que posso fazer?
Se essas presas são inquebráveis,
contra a força dos mortais.

Resposta minha é crescer...
Tornar os meus membros maleáveis,
tornar-te o comum dos banais.


André Ortega
08/07/2011

sábado, 2 de julho de 2011

Calabouço

Porque vejo o que não quero?
Porque me deixo consumir?
Quero desvendar o que é mistério,
quero num nevoeiro me diluir.

Quero ser procurado,
e sentir o prazer de não ser achado,
como um enigma se deve sentir
por nunca ser solucionado.

Quero ser um fantasma
mas quero que de mim se lembrem.
O meu corpo continuará no calabouço,
preso às correntes que eu próprio criei.


André Ortega
01/07/2011