Acordo numa manhã,
ou será tarde? Pouco importa.
No mesmo estado, longe de sã,
e ninguém a entrar pela porta...
Não passo de mais uma,
num quarto de branco infinito.
A solidão é a doença mais dura,
qual tumor, qual amargura...
O coração abranda aflito...
No quarto nº 7, sou paciente,
mas a minha paciência esgotou.
Estou apenas de corpo presente,
pois a alma aproveitou e escapou.
E ao virar a minha cabeça,
olho as nuvens pela janela,
e seja o que for que aconteça,
lembrar-se-ão de mim de certeza.
Nunca as deixei, e contento-me ao vê-las.
Sei que me querem bem,
mas não ficarei bem como queriam.
Já lhes dei nomes, até convém
tratar, quando se tem alguém,
por alcunhas, e dar-lhes o que mereciam.
Vejo que hoje estão amargas,
acinzentaram-se e choram compulsivas.
Não se preocupem amigas amadas:
A minha vida toda foi feita de nadas,
e agora por vós, acaba preenchida...
André Ortega
07/03/2011
tão lindo!
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