domingo, 6 de março de 2011

Paciente do Quarto Nº 7

Acordo numa manhã,
ou será tarde? Pouco importa.
No mesmo estado, longe de sã,
e ninguém a entrar pela porta...

Não passo de mais uma,
num quarto de branco infinito.
A solidão é a doença mais dura,
qual tumor, qual amargura...
O coração abranda aflito...

No quarto nº 7, sou paciente,
mas a minha paciência esgotou.
Estou apenas de corpo presente,
pois a alma aproveitou e escapou.

E ao virar a minha cabeça,
olho as nuvens pela janela,
e seja o que for que aconteça,
lembrar-se-ão de mim de certeza.
Nunca as deixei, e contento-me ao vê-las.

Sei que me querem bem,
mas não ficarei bem como queriam.
Já lhes dei nomes, até convém
tratar, quando se tem alguém,
por alcunhas, e dar-lhes o que mereciam.

Vejo que hoje estão amargas,
acinzentaram-se e choram compulsivas.
Não se preocupem amigas amadas:
A minha vida toda foi feita de nadas,
e agora por vós, acaba preenchida...


André Ortega
07/03/2011

1 comentário: