quinta-feira, 3 de março de 2011

Mendigo

De passagem passam seres vazios,
com a mão no bolso porque temem.
E aquilo que os faz ser tão frios,
está nessa algibeira, doentios
dedos que a si mesmos ferem.

Naquele apertar, naquele papel.
E quem sou eu nesta postura?
Deitado, ensanguentado,
a viver em passeios de sujidade...

E sempre a mim fui fiel...
Apenas nunca estive a altura
desse ar sem orgulho, pois foi vendido,
prefiro ficar no entulho, fortalecido
contra tal fútil e mediocridade...

E contempla bem o meu olhar,
pois sei que te enojo e te repugno...
Mas mais repugnante é ver que o teu nada tem.
Preenchido por nada, esse olhar é turvo,
sem amor nem vida... sem ninguém.


André Ortega
03/03/2011

3 comentários:

  1. Falo de cor, mas é um dos meus preferidos, senão mesmo o preferido. É que nutro um carinho especial por estas histórias relacionadas com mendigos, e o poema foi muito bem tirado.

    Já li os dois argumentos! O cubo mágico está bom, mas gostei mais do Io-Io. O final que retoma a ideia inicial dá um looping super engraçado, e muito interessante :D

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  2. Este é o meu preferido baby, nem sei dizer porque, está tão sentido!!! acho que é o poema onde te sinto mais, se é que me faço entender...
    a caminho dos 50 :D :D :D

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  3. Está mesmo lindo, dá voz ás pessoas com quem me cruzo todos os dias ;)parabéns mano

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