quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Como uma Pena



Perdido num nevoeiro denso,
sem um palmo certo de visão,
caminho pelo matagal, tenso,
de eucalipto é este incenso
que cheiro sem dar atenção.

Aparento estar sozinho.
É o que diz a minha compreensão.
Não sinto qualquer ruído vizinho,
nem vejo o rasto de linho
deixado por D. Sebastião.

Respiro diafragmaticamente,
e procuro a minha calma interna.
Quero largar o peso que me prende,
e ficar leve como uma pena.

Dúvida, incerteza…
Só densificam esta maldita neblina,
eliminam toda e qualquer clareza.
Talvez seja esta a minha sina.

Mas floresta tão pura, tão plena,
que se alimenta do meu dilema,
acompanha-me nesta luta!

E levito na leveza de uma pena,
como se fosse do filme, a cena
daquele final, onde tudo resulta.


Escrito por mim, André Pereira dos Santos, no dia 2 de Janeiro de 2014

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