Imagina um dia eterno de sol,
o fundo azul sem fim aparente.
Numa direcção aponta o girassol,
num mundo amarelo e quente.
Cada cidadão vive sorridente.
Nada abala esse amor celestial.
Naqueles peitos fluem nascentes
cheias da tal frescura jovial.
E para mim, que lá vivo, nada me é especial...
Nada me choca e tudo me contorna,
seja a água que nunca se entorna,
ou o copo que teima em não tombar...
Que sentimento estranho e marginal!
Baptizo-o então...
Como o elemento que me afasta da ilusão:
Tristeza.
E quão bizarro é dar um nome destes,
e retirar dele tanta beleza...
Assim já reconheço o que sinto,
e respiro mais profundamente,
sei que pelo menos não me minto
mesmo que a dor me afugente.
Voltando ao que em mim existe,
Seja ingénua mentira ou infame verdade,
mantenho algo que ainda persiste:
É que sei, que num mundo de repleta felicidade,
há quem procure por um dia triste.
André Ortega
6/08/2011